sexta-feira, 29 de maio de 2009

Dê liberdade e limites com equilíbrio:

Dê liberdade e limites com equilíbrio:
Diga sim, sempre que possível; e não, sempre que for necessário.

“Pois Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio” 2Timóteo 1.7.


“A tríplice graça que o pastor recebe: 1) poder - caráter para saber exercer autoridade sem arrogância. 2) Amor – traz equilíbrio ao poder. 3 ) Moderação – gr sõphronismos – saúde mental, sobriedade. Assim, o pastor é mestre de si e do rebanho.” (17) = (3) comentário de rodapé, pg.1695.

Li em um site de noticias que pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) entrevistaram 6 417 jovens de 10 a 20 anos para descobrir como anda o consumo de álcool entre eles. Concluíram que 20% dos meninos e 15% das meninas entre 10 e 12 anos haviam ingerido álcool nos últimos 30 dias. Entre 13 e 15 anos o percentual aumentou: 43% dos garotos e 40% das meninas tinham consumido bebidas alcoólicas. Quatro em cada dez adolescentes começam a beber antes dos 15 anos.
A primeira pergunta que fiz ao ler estas estatísticas foi: - Por que?
Por que tantas crianças se entregando aos vícios, ao álcool, ao sexo, à comida, aos jogos eletrônicos, compulsivamente?
Será muita liberdade dada pelos pais?
Tanto a super proteção como a liberdade em excesso causam grandes prejuízos para o ser humano. E é fácil para nós cairmos em extremos!
Crianças precisam de limites e liberdade na dosagem certa para crescerem equilibradas.
Foi-nos ensinado que se amo alguém devo tentar segurá-lo, protegê-lo de tudo e de todos, como se pudéssemos ser Deus, e controlar alguma coisa. Na tentativa de resguardar, dominamos e sufocamos a semente da autonomia na infância. Quando amarramos os sapatos da criança sem ao menos deixá-la tentar ou fazemos o prato deles todos os dias até os 18 anos, estamos mostrando que eles não são capazes de cuidar de suas próprias necessidades. Atrapalhamos assim seu desenvolvimento normal. Quantos pais fazem as atividades de casa para seus filhos; vão desde um simples colorido até a realização de pesquisas, mas esta tentativa de fazer as coisas pelos filhos pode ser desastrosa para o desenvolvimento da criança.
Alguns pensam que dar liberdade é deixar a criança entregue a si mesma, muitos já ouvimos fases do tipo:
_ Deixe o menino fazer o que ele quer!
_ Não discipline, não corrija assim você vai traumatizar a criança!
Mas a Bíblia nos manda ensinar, corrigir. “Quem se nega a castigar seu filho não o ama; quem o ama não hesita em discipliná-lo.” Pv 13.24. Veja também: Pv 10.13; 22.15; 23.14; 26.3; 29.15. Isto quer dizer colocar limites, só assim elas poderão ser realmente livres.
Corrigir não é espancar, este é outro problema que as crianças sofrem. O abuso de poder, como todo excesso só traz prejuízos. Infelizmente de vez em quando vemos no noticiário pais que mataram um filho de tanto bater. Nestes casos a correção é feita sem amor, da forma inadequada, na hora errada, para descarregar a raiva. Isto não é disciplinar!
Disciplinar é conversar sobre, perder o direito de... É fundamental a criança compreenda porque está sendo disciplinada para que assim, ela possa mudar seu comportamento. O medo, as críticas, a coerção geram mais problemas. Muitas vezes moldamos uma atitude aproveitando-nos do medo e da culpa, tão usados na educação, infelizmente. Estes artifícios não mudam a mente e os valores, com isso a tendência é que o comportamento se repita, pois o coração não foi pastoreado. A ‘psicologia de fundo de quintal’ como é conhecida pelos mineiros, é um exemplo do uso do medo e da culpa na tentativa de educar. Quem nunca ouviu sua mãe dizer?
_Menino se você pular da janela vai virar ladrão.
_ Se você falar mentira seu nariz vai crescer.
_ O bicho papão vai te pegar.
Seria muito mais eficaz explicar os efeitos ou as causas de tais atos. Se uma boa conversa não resolver, podemos usar outros métodos como veremos mais à frente. Em último caso, usamos a vara: com amor, calma, longe de expectadores, e no lugar apropriado - no bumbum. E se não doer mais naquele que está corrigindo, existe algo de errado. Pois toda disciplina na hora dói, em ambas as partes. “Nenhuma disciplina parece ser motivo de alegria no momento, mas sim de tristeza. Mais tarde, porém, produz fruto de justiça e paz para aqueles que por ela foram exercitados.” Hb 12.11. Veja na pesquisa citada abaixo a comprovação deste principio bíblico:

“O dr. Stanley Coopersmith, professor de psicologia na Universidade da Califórnia, fez um estudo com 1.738 meninos pertencentes à classe média, e suas respectivas famílias, começando no período da pré-adolescência e acompanhando-os até a idade adulta. Depois de identificar aqueles que tinham maior auto-estima, ele comparou suas famílias e as influências recebidas na infância com aqueles que tinham menor senso de valor próprio. Ele encontrou 3 características importantes que os distinguiam: 1) Os meninos com boa auto-estima eram claramente mais amados e apreciados no lar do que aqueles com baixa auto-estima. O amor de seus pais era profundo e genuíno, não apenas um monte de palavras vazias. Os meninos sabiam ser motivo de orgulho e interesse dos pais, o que aumentava seu senso de valor.
2) Os meninos que pertenciam ao grupo dos que tinham uma boa auto-estima vinham de lares onde os pais eram significativamente mais rigorosos em relação à disciplina. Em contraste, os pais do grupo de baixa auto-estima haviam criado um sentimento de insegurança e dependência nos filhos devido a atitudes de maior permissividade. Seus filhos inclinavam-se a achar que as regras não eram reforçadas pela disciplina, porque ninguém se importava o suficiente para se envolver.
(“Se vocês são criados sem disciplina, então vocês são crianças ilegítimas e não filhos”). Além disso, descobriu-se que os jovens mais bem sucedidos e independentes durante o último período de estudos, vieram de lares que exigiam responsabilidade e prestação de contas com mais rigor. Desse modo, os laços familiares se fortaleceram. Nesses lares, disciplina e domínio próprio formavam um estilo de vida.
3) As famílias do grupo de boa auto-estima se caracterizavam também pela franqueza e espírito democrático. Uma vez que os limites de comportamento foram estabelecidos, havia liberdade para que as personalidades individuais pudessem crescer e se desenvolver. Os meninos tinham liberdade para se expressar, não temendo serem ridicularizados por isso, e a atmosfera predominante era marcada pela aceitação e segurança emocional.”
(18) Charles R. Swindoll. Família Forte. Ed Atos.

Essa pesquisa comprova o valor do equilíbrio na educação. As características que marcaram os lares dos adultos com boa auto-estima foram uma infância e adolescência com: amor, limites, liberdade de expressão e aceitação. Foram famílias que tentaram contrabalançar liberdade e limites.
Fiquei furiosa uma vez com um homem que se dizia jardineiro e insistiu para podar a árvore que fica no passeio de minha casa. Ele disse que iria dar uma forma àquela árvore, e lá foi ele com sua enorme tesoura cortando suas folhas. Fiquei imaginando uma linda moldura para minha árvore como eu via em outras por aí. Quando ele terminou eu não queria acreditar, nossa árvore estava horrível! Pelada! E não havia nenhum formato visível a olho nu. Ela parecia mais um ET estacionado em meu passeio. Ele podou onde não foi necessário e deixou folhas onde não era preciso. Disse sim onde não era preciso; e não quando não era necessário! Um jardineiro sem equilíbrio estraga um jardim. Pais desequilibrados ou vão super proteger seus filhos ou vão abandoná-los. Não é nada disto que queremos.
É assustador ver como as coisas caminharam de um extremo oposto ao outro! Mas o equilíbrio e a harmonia são possíveis, e começam com a nossa consciência da importância desta mudança. Quem sabe a próxima geração de cristãos consiga atingir o equilíbrio? Entao para garantir a vitoria semeie na infancia liberdade e limites com equilíbrio. Diga sim, sempre que possível; e não, sempre que for necessário.
Não confunda limite com super proteção nem liberdade com abandono. Equilibrar limites e liberdade é fundamental. Mas como conseguir isto? Vamos falar adiante um pouco mais sobre cada ponto destes. Mas acima de tudo: Esforce-se, seja forte e corajoso, mas com a direção de Deus. “Se não for o Senhor o construtor da casa, será inútil trabalhar na construção. Se não é o Senhor que vigia a cidade, será inútil a sentinela montar guarda.” Sl 127. 1. O esforço humano é desperdiçado sem a orientação de Deus.


Texto de Alexandra Guerra extraído de seu livro "Infância, o Melhor Tempo para Semear." Editora Betânia.
Alexa é esposa e mãe. Escritora, pedagoga, palestrante.
E-mail: alexaguerra76@hotmail.com Blog: alexaguerra.blogspot.com

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