Uma adolescente, de uma escola que trabalhei, teve que ser levada as pressas para o hospital passando mal, pois havia tomado vários comprimidos, de uma só vez. A boca desta jovem tremia. Seus braços frios estavam cruzados. Havia lágrimas em seu rosto. Depois suas colegas de sala disseram que ela queria chamar a atenção dos pais, pois estavam tendo problemas em casa e seu pai não acreditava nela. Perguntei se já conversaram - pai e filha - ela respondeu que não adianta, pois não tem diálogo com o seu pai. Aquele ato desesperado me parecia uma tentativa de provar aos seus pais que sua existência valia a pena.
É comum ver filhos que cresceram sem o pai, um dia resolverem procurá-lo. Outro dia mesmo uma mãe me contou que seu filho adolescente quis ir atrás do pai. O coração dela, naquele momento, estava escorregadio e trêmulo. Mesmo tendo um padrasto e sabendo que o pai biológico não se importava com ele, lá se foi o garoto atrás do fulano que o gerou. Encontrou-se com ele e ficou mais frustrado e decepcionado ao ter de lidar com o descaso do tal "pai". Soltou-lhe um último adeus encharcado, fez meia volta e saiu. Não consigo lhe explicar a intensidade da decepção deste rapaz. São encontros dolorosos, muitas vezes traumáticos, mas às vezes necessários.
Todos nós conhecemos pessoas que foram criadas sem o pai. A maneira de expressar a dor é diferente, mas o sofrimento é o mesmo de sempre: a dor de não ter um pai presente. Já vi crianças pequenas chorando ao verem seu pai, que há muito tempo não viam. Jovens revoltados, adultos doentes e traumatizados. E se você não consegue imaginar como é a dor desta falta, pense em um vazio escuro. Pense em cacos de desespero. Pense em cortinas de chuva fechadas ao seu redor.
Pai não machuque com sua ausência! Ninguém pode suprir sua falta. A mãe não supre a falta do pai na vida do filho, por mais esforços que essa possa fazer.
"_Eu criei meu filho sozinha, fui mãe e pai dele." Já ouvimos isso várias vezes. Mas será que isso é possível? Fiquei impactada com o que uma amiga me disse a respeito disso. Sendo ela mãe de dois rapazes, desabafou que o papel do pai fica vazio no lar, pois não há como substituí-lo, seja com tios, avôs ou mesmo uma mãe dedicada que tenta se desdobrar. O que esta Sábia mãe faz então, é deixar que seu filho conviva com outras famílias onde o pai é presente, para que assim o rapaz tenha modelos e referencias de um pai.
Todo ser humano precisa de um pai e uma mãe. É muito grave quando nos acomodamos com uma situação ao ponto de aceitarmos ela como algo normal socialmente. Não quero dizer com isso que os filhos devem sofrer com esta questão, a pesar de que, esse sofrimento é inevitável. Mas é necessário que fique bem claro que o lugar de um pai ausente fica VAZIO na vida da pessoa. Pois não foi assim que Deus planejou a família.
É preciso aceitar que existe o vazio, a dor, a falta, para então ser aliviado e curado pelo Senhor Deus Eterno. Somente em Jesus Cristo podemos encontrar a restauração para algo tão essencial para o ser humano: o pai. Só o Pai do céu é capaz de aliviar e curar essa dor com o seu amor paternal. Com seus olhos de bondade das cores do arco no céu depois da chuva. Um vazio preenchido com o amor de Deus se torna em contentamento. Somente Deus pode ser tudo o que precisamos - a droga não pode, nem o álcool nem o trabalho excessivo, ou seja lá o que for que estivermos tentando usar para calar esse eco.
Deus nosso Pai do céu é o transbordar da verdadeira paz. Ele é o pai dos órfãos. "O governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz."(Isaías 9:6)
Ele é a cura para os doentes. Força para os fracos. Riqueza para os pobres.
Ele é o Pai do céu. Busque-o, pois todo aquele que o invoca com um coração sincero, o encontra.
Não permita que seus filhos se desfaçam em pedaços bem na sua frente. Segure essas palavras feito nuvens e as torça feito chuva, para que tragam irrigação e vida à sua família. Vire esta página da sua vida em direção ao amanhecer irradiando luz. Preencha a vida dos filhos com a profundidade do amor e proteção que somente um pai pode oferecer, pois foi planejado pelo criador para isso. Por isso, pai, ninguém pode suprir sua falta.
Alexandra Guerra Castanheira
é autora do livro " Infância: O Melhor Tempo Para Semear” da Editora Betânia. Pedagoga, palestrante, gestora no Colégio Cristão VER e capacitadora da AECEP.
E-mail: alexaguerra76@hotmail.com Blog:alexaguerra.blogspot.com
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