quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

O ensino que queremos... (Por: Alexandra Guerra)

Precisamos de pessoas que nos ajudem a sonhar. Gostaria de ser esta pessoa para você, e regar suas sementes de sonhos na área da educação. Algumas das sementes já estão em nós, mas adormeceram, vamos então regá-las e despertá-las... Outras raquíticas, se esforçam para crescer... Algumas já existem, vamos adubá-las, para que assim, ganhem forças para se desenvolver... Outras sementes ainda não existem, então vamos semear no coração.
Quase todas as nossas realizações na vida começam com um sonho, pois, sonhar é a idéia fixa em algo. Sonhar é: prever, presumir, supor. Para as pessoas mais operacionais ficarem à vontade com este assunto, podemos lembrar-lhes que sonhar é o primeiro passo para planejar e esquematizar. Se nós mantivermos a idéia fixa e andarmos na direção de uma educação melhor, então as coisas poderão ser mudadas a partir de cada um de nós. Se olharmos apenas para as mazelas da educação atual no Brasil, corremos o risco de nos mantermos imóveis e desanimados, pois há tanto o que fazer... Como nos adverte Gustavo Ioschpe. “Para mudar a educação, seria necessário mudar o país. E como é impossível mudar o país sem mudar nossa educação, temos aí a receita para o imobilismo eterno”. (1) A importância de falar sobre a educação que queremos, é que, isso regará nossas esperanças e nos moverá em direção ao alvo.
A matéria prima do educador é a esperança no ser humano. O homem está corrompido. O ser humano precisa ser restaurado. É com esta esperança na restauração humana, que nós educadores trabalhamos. Como Aristóteles, vejo a virtude como algo a ser trabalhado com muito esforço e possível de ser alcançada.
“Aristóteles sustenta que a virtude é um hábito e, portanto, não só pode, mas também deve ser ensinada, constituindo-se talvez numa das tarefas mais importantes da educação do homem.(2)
A nossa prioridade neste mundo conturbado é educar visando a virtude na complexidade do ser. Entenda-se virtude como: tentar se aproximar do bem. Sonho com um ensino que invista nas relações interpessoais e que seja equilibrado. Quais são as características desse ensino? Ele é um ensino que equilibra: Conhecimento e sabedoria; fundamentação teórica e vivência prática; informação e formação humana; um ensino que alcance a razão e a emoção, que valorize a linguagem científica e a poética; que equilibre o individual e o coletivo; um ensino de ciência e de senso comum. Ou seja, um ensino que vise a formação integral do ser humano.
As dificuldades certamente estão postas e outras virão. A maior ameaça que enfrentamos é manter a chama acesa dentro de cada um de nós, para não desistirmos quando os obstáculos se apresentarem. Se nos fortalecermos enfrentaremos com ética e bravura as barreiras das políticas educacionais, da falta de recursos e de valores sociais, a má qualidade do ensino, as deficiências da formação de professores, dentre tantas outras.
O que faremos para construir o ensino que queremos? Assumiremos um compromisso, faremos uma aliança para educar com excelência! Esta tarefa não é apenas dos educadores ou do governo, é de toda a sociedade, somente com a conscientização popular podemos alcançar resultados significativos. Para construir o ensino que queremos seremos o modelo. Já que o educador é um espelho, isto pode começar em quem ensina, e assim ir contagiando outros. Pois a educação que queremos construímos com nossas mãos dadas.
Para erguer o ensino que queremos acreditaremos nos alunos e nas sementes que o educador lança. Iremos investir em “como se ensina”.
O que mais faremos? Regaremos as sementes de nossas mais altas esperanças e cuidaremos delas para que cresçam e frutifiquem em nossa nação. Faremos isso da mesma forma como cuidamos das plantas: idealizamos a planta que queremos, ou seja, sonhamos com ela. Preparamos a terra. Lançamos as sementes. Regamos e aguardamos a semente germinar. Esperamos, cuidamos, esperamos... Avistamos os primeiros sinais, nos alegramos. Regamos. Esperamos... Vemos ela crescer. Cuidamos para não morrer. Apreciamos a beleza das flores, esperançosos de que logo virarão frutos. Nos emocionamos. Sentimos seu perfume. Os frutos aparecem, colhemos e nos saboreamos com eles. Os frutos nos alimentam e dão forças para fazermos nova semeadura, e recomeçar o ciclo de vida. Quem educa, age no ciclo da vida!
Para alcançarmos o ensino que queremos, faremos tudo aquilo que depende nós. Como nos ensina um ditado popular: “Se não podemos fazer tudo o que é preciso, precisamos fazer tudo o que podemos.” Tudo o que nossas mãos alcancarem, pois a educação que queremos construímos com nossas mãos dadas.
Por: Alexandra Guerra. Blog: alexaguerra.blogspot.com

Referências: (1) Analfabetismo e a inviabilidade do Brasil. Gustavo Ioschpe. In: http://www.reescrevendoaeducacao.com.br/pages.php?recid=22 Acesso em 11/04/06. (2) Ética a Nicômaco – A virtude é um hábito.Texto do célebre tratado aristotélico. Pg. 52, 53.

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